
Os avanços sociais entraram em colapso com o mar de escândalos envolvendo o primeiro governo de um proletariado advindo da massa no Brasil para uma jovem democracia. A esperança tinha vencido o medo, porém a frustração levou para o curral uma onda de brasileiros descontentes que se aglomeraram na beira do precipício e que não (ou não tiveram) oportunidade de se emancipar enquanto cidadãos. O que chamo de “pessimistas” que demonizaram as instituições democráticas pela não entrega dos benefícios esperados…
Todavia, não se pode tirar dos ombros do Partido dos Trabalhadores a culpa por não ter reconhecido os erros, não ter depurado, não ter admitido os equívocos enquanto ainda tinha palanque para isso…
Isso levou ao obscurantismo do antipolítico que emerge do baixo clero da política brasileira levando consigo tudo de mais atrasado da política bairrista, conservadora, retrógrada e despreparada do Brasil.
Naquele momento, a não depuração progressista necessária para corrigir os rumos dos países das políticas sociais, levou-me ao pensamento “quando iremos chegar ao fundo do poço?”.
Como consequência da ausência de autorreflexão, os progressistas se separaram no pleito de 2018 e o candidato do PT fora derrotado pelo antipolítico. Confesso que votei no Bolsonaro, e quem convive comigo sabe que meu argumento era de que o Brasil precisaria ser pacificado para ser reconstruído praticamente do zero. Para isso precisaríamos de alguém ruim o suficiente para levarmos ao fundo do poço, esse era o preço, não tinha como fugir…
Qual era esse fundo do poço? Mais quanto tempo de queda livre?
O governo se iniciou de forma desastrosa, sendo corroído de dentro para fora, e sem consenso (a arte da política) já estava em frangalhos no final do primeiro ano quando passou a pedir socorro aos políticos de sempre…
Foi quando a “gripezinha” apontou do oriente que percebi que estávamos chegando ao térreo das entranhas do Poder. Todo o processo de não aceitação, a onda de obscurantismo, de negacionismo e da falta de planejamento estatal acentuaram que o discurso da tecnocracia e de zelo aos mais pobres era só discurso e que o governo que agora está de joelhos no ringue político poderia ser pior do que qualquer outro.
Acometido pela COVID-19, o desastre de falas, postagens e lives, plantou uma maravilhosa semente, em um período que, confesso, não queria vivenciar, mais de 200 mil mortos e o presidente brincando no litoral santista…
Mas qual seria essa semente?
A pacificação (que esperava tanto) ganhou corpo e esperança na candidatura de Baleia Rossi, do MDB, à presidência da Câmara dos Deputados. O vírus Bolsonaro conseguiu unir adversários históricos sobre a mesma bandeira:“Câmara Livre”!
Ele até pode vir a ser derrotado, mas a semente se nutre, dia após dia, e evidencia que os democratas de plantão necessitam deixar as diferenças de lado e fortalecer o consenso para acender a luz no fim do túnel.
Pode ser que já estejamos no fundo do poço, com o país em frangalhos, dominado por um vírus, mas é através deste consenso que o futuro se acena. O governo da vez, sabe que já existe materialidade para seu impichamento, porém ainda há uma horda de defensores, que será eliminado com a queda da popularidade, com isso o Brasil já terá anticorpos suficientes para expurgar esse período nebuloso da história de nosso país!