Focault e a resistência como ferramenta na Saúde Coletiva

O pequeno grupo se reuniu  para compartilhar vivências com base em narrativas solicitadas para a aula de Práticas em Saúde e Gestão do Cuidado. Com base nos relatos, o grupo pontuou como problemas a falta de articulação da rede; falta de capacitação dos profissionais para melhor uma melhor assistência visando grupos específicos; necessidade de reflexão a prática (cuidado ao cuidador); paradigma da racionalidade técnica; falta de inserção dos profissionais na construção de políticas em Saúde e sua aplicabilidade; dificuldade de acesso às ferramentas; e, por fim, relações de Poder conflitantes.

Por mais uma vez, senti dificuldade em evidenciar ao pequeno grupo que todos os problemas (e até um certo exagero na procura por eles) advém pelas relações conflitantes de poder dentro da Rede de Saúde.

Os profissionais da ponta, que compõe o grupo, insistem em enxergar somente “o seu quadrado”, talvez por falta de embasamento teórico básico, ou leituras um pouco mais profundas sobre o mestrado que agora cursam.

No meu ponto de vista, não se pode perder tempo, principalmente dentro do processo de construção, explicando conceitos básicos que toda aula retornam e precisam ser engatilhados para que, enfim, entendam do que estão falando.

É uma crítica severa? Não. Mas é inadmissível um comportamento desidioso, falta de procura por conceitos ou base para discussões desse nível num ambiente acadêmico.

Por fim, a hipótese que lutei para ser inscrita no flipchart foi:

“O paradigma da racionalidade técnica acentua os conflitos sob a luz de como se dá a microfísica do poder nas relações de trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Nesta terça-feira, 5 de maio, fui aprofundar os conceitos e deparei-me, pela primeira vez com o conceito de “biopoder” dentro do pensamento de Michael Focault. Sendo a promoção da saúde para Neto (2009):

“(…) como um campo de discursos e práticas, saberes e poderes, atravessando, concomitantemente, por dimensões regulatórias e disciplinares, e por dimensões participativas e emancipatórias…”

Logo, a promoção de saúde se dá num campo de tensão e constantes conflitos assim como concebe Focault. Pois um sistema de saúde produzido no bojo de movimentos sociais com forte participação  popular não pode ser tomado como conquista definitiva, pois,

“Pensar a promoção de saúde no contexto das políticas de saúde exige lidar, concomitantemente, com as dimensões regulatórias, próprias de qualquer política pública, e com as dimensões emancipatórias e de empoderamento individual e comunitário. Como vimos, isso não é feito sem tensões, exigindo contínua atenção e um paciente trabalho plural, de gestores, técnicos e usuários, onde cada avanço inaugura novos perigos, que demanda novas ações…” (Ferreira Neto, 2009)

Acredito com base nos fatos supracitados, ser essencial o aprofundamento do conceito de “biopoder” para realizar a enação e poder realizar, de maneira mais adequada, as perguntas sobre o afloramento dos problemas no Sistema Único de Saúde.

REFERÊNCIAS

1-  Ferreira Neto, J.L.;Kind, L.; Barros, J.S.;Azevedo, N.S.;Abrantes, T.M. Apontamentos sobre Promoção da Saúde e Biopoder. Revista Saúde e Sociedade, São Paulo, vi8, n.3, p.456-466, 2009. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/viewFile/29615/31483 [acesso em 08 de Mai de 2018>. Acesso em  8 de maio 2018.

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