Paradigmas e a Teoria da Aprendizagem Significativa

Ao se afirmar que o paradigma da racionalidade técnica interfere na aprendizagem significativa, a resposta que parece óbvia e rotineira, pode revelar o quanto mecânico foi todo o processo educacional até a presente data.

Afinal o que é aprendizagem significativa, e o paradigma da racionalidade técnica?

Começando pelo segundo termo, pode-se afirmar que paradigma da racionalidade técnica de acordo com Diniz-Pereira (2014, p. 36) é aquele onde:

o professor é visto como um técnico, um especialista que rigorosamente põe em prática as regras científicas e/ou pedagógicas. Assim, para se preparar o profissional da educação, conteúdo científico e/ou pedagógico é necessário, o qual servirá de apoio para sua prática. Durante a prática, professores devem aplicar tais conhecimentos e habilidades científicos e/ou pedagógicos.

Por outro lado, no campo da aprendizagem, emerge a chamada Teoria da Aprendizagem Significativa – TAS² que altera o foco da aprendizagem das técnicas empregadas pelo professor para o protagonismo do discente.

Para isso, dentro do cognitivismo e modelos construtivistas propostos por Piaget, Vygotsky, Johnson-Laird³, o ser humano passa a ser descrito como possuidor da capacidade criativa de interpretar e representar o mundo, não somente de responder a ele conforme defendia o filósofo Kant².

Com isso, dentro do contexto citado neste artigo, o aluno deixa de ser visto como mero receptor de conhecimento e passa ser considerado agente da construção de sua estrutura cognitiva³.

Pode-se chegar a hipótese, então, que o professor passa a ter um novo papel no processo de aprendizagem e que os paradigmas que defendem um modelo estático, externo e tecnicista saem de cena para que este novo modelo funcione.

No processo subjetivo da aprendizagem, a informação nova potencialmente significativa é ancorada em subsunçores (conhecimento prévio de determinado assunto) resultando  em um produto interacional, atribuindo à informação nova novo significado. Além disso, Valadares (2011, p. 38) lembra que:

a confrontação de aprendente com um conteúdo potencialmente significativo […] requer: que esse conteúdo tenha significado lógico […] não arbitrário […] e que o aprendente tenha uma atitude potencialmente significativa, ou seja uma predisposição psicológica para aprender de maneira significativa.

Posto isso, que o indivíduo deve ter um conhecimento prévio para alicerçar o novo conhecimento e que esteja predisposto a adquirir-lo, pode-se cita como hipótese que o papel do professor passa o de ser o manipular de técnicas de disparos para sensibilizar a condição psicológica do discente e incitar os subssunçores.

Fica claro, então, que dentro do modelo estático do paradigma da racionalidade técnica, tal “´técnica” fica inviável. É preciso mencionar ainda que, também se supõe, que a presença de subssunçores tecnicamente mal concebidos também podem causar prejuízo na construção da nova aprendizagem.

Este novo paradigma tem na linguagem seu principal disparador³ aproximando a pedagogia a computação ao citar o caráter axiomático² e a utilização, por exemplo, de mapas conceituais sugeridos por Novak³. E muito similar a um dos pilares proposto pelo linguista americano Noam Chomsky na teoria da nova ciência da linguagem:  a combinatorialidade conforme Ortins Salermo (2014):

Combinatorialidade: […] a gramática é um sistema combinatório discreto. Um número finito de elementos discretos (neste caso, palavras) é selecionado, combinado e permutado para criar estruturas maiores (neste caso, sentenças) com propriedades bastante distintas de seus elementos.

Concluo o presente artigo que as novas teorias de aprendizagem e de linguagem são semelhantes e devem ser objetos de novos estudos para a criação de novas técnicas efetivas de propiciar uma aprendizagem significativa dentro de um novo modelo de paradigma que coloque o sujeito como o centro de todo o processo de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

1- Pereira-Diniz, J.E. Da Racionalidade Técnica à Racionalidade Crítica: formação docente e transformação social. Revista Saúde e Sociedade. 2014 [acesso 25 Abr. 2018]. Disponível em http://www.seer.ufms.br/index.php/persdia/article/view/15/4.

2- Valadares, J. A Teoria da Aprendizagem Significativa como Teoria Construtivista.  Revista Meaningful Learning Review. 2011 [acesso 25 de Abr. 2018]. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/asr/artigos/Artigo_ID4/v1_n1_a2011.pdf.

3- Celestino Silva, C. Teorias de Aprendizagem [acesso 25 de Abr. 2018]. Disponível em: http://stoa.usp.br/podo/files/672/3517/Aula+2+-+Teorias+da+Aprendizagem.pdf.

4- Celestino Silva, C. A Teoria de Aprendizagem Significativa de David Ausubel [acesso 25 de Abr 2018]. Disponível em: www.ifsc.usp.br/~cibelle/psicologia_aulas/ausubel.ppt.

5- Ortins Salermo, D. A Teoria da Linguagem de Noam Chomsky. Ireland International Conference on Education . 2014 [acesso em 25 de Abr. 2018. Disponível em: https://psibr.com.br/leituras/cognicao-e-comportamento/a-teoria-da-linguagem-de-noam-chomsky.

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