Coluna do Camões #03 – O NAVIO NEGREIRO

BUROCRACIA: E disse certa vez um professor: ele não deixam a gente dar aula, é muita burocracia para ser preenchida e a aprendizagem fica em segundo plano…

BUROCRACIA II: E assim caminha a modernidade, a burocracia criada para controlar o ato dos déspotas, hoje é ferramenta de alienação…

BUROCRACIA III: Já os espertalhões, conseguem, a toda prova, criar subsistemas para burlar a burocracia e o trabalho. E deitado em berço esplêndido tira proveito da Bruzundanga…

DEMOCRACIA: Muitas tempestades são criadas para venda, intransigente, de facilidades. O leitor crítico deve sempre estar atento!

DEMOCRACIA II: Do outro lado do universo, disseram, certa vez, que toda crítica servia para aumentar o preço do elogio.

DEMOCRACIA III: É democrático obrigar a democracia? Indagou certa vez a pena da lei. Em resposta o papel disse: – Eles ainda não sabem agir por conta própria…

VIOLÊNCIA: Até nas atividades lúdicas, os traumas afloram na forma de expressão artística nos joviais brasileirinhos. A barra é pesada para querer obrigar algo a quem procura um prato de comida quente, um abraço e atenção. Se sobrar tempo, depois de conseguir tudo isso, é que vamos brincar de ter pensamento crítico sobre um mundo sem esperanças.

VIOLÊNCIA II: Trabalho só depois dos 16. A pandemia, me parece, tem acelerado a entrega de menores no mercado de trabalho…

VIOLÊNCIA III: Como discutir a maioridade em um contexto social acéfalo? Paradoxo da modernidade…

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro… ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!…
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! …
CASTRO ALVES IN: O Navio Negreiro, 1880.