Estratégia é uma palavra de origem grega (‘strategia’) que significa plano, método, manobras ou estratagemas usados para alcançar determinado objetivo ou resultado específico. Assim, estratégia pode ser conceituada como o caminho a ser seguido para garantir a sobrevivência e para reforçar a legitimidade de uma organização ao longo do tempo.
A estratégia organizacional refere-se à forma como a instituição se comporta frente aos diversos fatores que a afetam, ou seja, ao ambiente em que atua e pelo qual é influenciada. Procura potencializar as forças e as oportunidades e, ainda, neutralizar ou mitigar fraquezas e ameaças.
Ou seja, Estratégia, na prática, é o caminho a ser seguido para atingir uma posição futura desejada.
Em geral, os principais objetivos dos órgãos e entidades do setor público estão estabelecidos na Constituição Federal ou Estadual, nas leis orgânicas municipais, ou nas respectivas leis e regulamentos em geral.
Planejamento estratégico
O planejamento é um dos mais importantes processos de gestão. Sem ele, nenhuma empresa ou organização consegue desenvolver-se. O planejamento estratégico compreende um processo de refl exão sobre os rumos da instituição. É um método que se inicia a partir de um modo estruturado de pensar, pois suas decisões atingem o futuro da organização, desenvolvido para alcançar uma situação desejada de modo pleno e eficaz.
Veremos adiante algumas ferramentas de planejamento comumente empregadas nas empresas e no setor público:
Algumas questões básicas devem ser respondidas pela organização, como:
- Quem somos?
- Por quê existimos?
- Como queremos ser vistos pela sociedade ou pelo mercado?
- A quem atendemos (quem são nossos clientes)?
- Aonde queremos chegar?
- Quais são os fatores internos (forças e fraquezas) e externos (oportunidades e ameaças)
que impactam nossas atividades? - Como atingiremos nossos objetivos?
- Quais são os meios de que dispomos para alcançar nossos objetivos?
Uma vez entendido o papel do processo de planejamento estratégico, é interessante conhecermos suas principais características:
- Processo: Planejamento é um processo, portanto é permanente, vivo, dinâmico, capaz de incorporar as mudanças do ambiente. Deve durar enquanto a organização existir;
- Mobilizador: Esse processo aglutina forças e deve mobilizar a organização como um todo em direção ao sucesso, não apenas seus dirigentes, pois todos os seus colaboradores possuem um papel relevante no alcance dos objetivos;
- Construção do futuro: Planejar não é prever ou adivinhar o futuro, mas sim construílo no longo prazo. A organização deve escolher seu futuro e mobilizar suas forças para alcançá-lo, e evitar ao máximo ser levada pelas circunstâncias do ambiente externo ao revés de sua vontade;
- Comportamento proativo: Para a organização construir o futuro desejado não basta reagir. É fundamental proagir (ato de antecipar, fazer acontecer, em vez de esperar que aconteça);
- Ambiente: O ambiente é a principal fonte de vida para uma organização, portanto o planejamento estratégico deve enfatizar a sintonia entre ela e seu ambiente, considerando como esse influencia sua atuação.
As pessoas geralmente confundem planejamento estratégico com plano estratégico. Lembre-se que o plano é o resultado do processo de planejamento e representa um documento orientador das atividades da organização rumo à estratégia.
Referenciais estratégicos
O referencial estratégico representa o estágio inicial do processo de planejamento organizacional. Compreende um conjunto de análises e reflexões internas por meio do qual são identificados o negócio, a missão, a visão de futuro e os valores da organização.
Negócio: representa o ramo de atividades da organização, indicando o foco dos benefícios que ela irá gerar para seu público-alvo. Em outras palavras, responde à seguinte questão: “o que fazemos?”. Sua defi nição é feita considerando-se não só o que se faz, mas analisando-se, também, o ambiente em que atua.
Missão: objetivo fundamental de uma organização, pois traduz a razão de sua existência. Consiste na sua fi nalidade estratégica geral, portanto costuma ser a resposta à pergunta:
“Por quê ou para quê existimos?”. Em geral, é um enunciado que expressa a intenção fundamental da gestão e serve de ponto de partida para a definição de objetivos e meios
para alcançá-lo.
A missão funciona como orientador para as atividades da organização. Ela tem por finalidade clarifi car e comunicar os objetivos, os valores e a estratégia adotada pela organização.
Visão: é a expressão do estado futuro desejado e alinhado com objetivos definidos, ou seja, “aonde queremos chegar”. A visão retrata uma situação ainda não atingida, que serve de inspiração para a ação da organização, como se fosse um “sonho”. Inclusive, é recomendado que a visão seja, além de utópica, motivadora e mobilizadora, de forma a desafiar a instituição a persegui-la.
Valores: conjunto de princípios que estruturam a cultura organizacional e devem nortear a conduta das pessoas que integram a instituição. Em geral, os valores constituem uma lista de fundamentos que orientam e informam as atividades da instituição. Quando claramente estabelecidos, ajudam a organização a reagir rápida e decisivamente nas situações inesperadas que surjam.
A título de exemplo, trazemos o referencial estratégico do Tribunal de Contas da União, retratado no Plano Estratégico 2015-2021 (Portaria-TCU nº 141, de 1/4/2015):
NEGÓCIO: “Controle externo da Administração Pública e da gestão dos recursos públicos federais”
MISSÃO: “Aprimorar a Administração Pública em benefício da sociedade por meio do controle externo”
VISÃO: “Ser referência na promoção de uma Administração Pública efetiva, ética, ágil e responsável”.
VALORES:
a. Ética: Ter como padrão de conduta ações que busquem a verdade dos fatos, amparadas em honestidade, moralidade, coerência e probidade administrativa.
b. Justiça: Pautar-se estritamente por princípios de justiça, pela verdade e pela lei, com integridade, equidade, impessoalidade e imparcialidade.
c. Efetividade: Atuar orientado para resultados que assegurem o cumprimento da missão e a excelência da imagem institucional.
d. Independência: Atuar com imparcialidade, liberdade e autonomia, de forma a rejeitar a interveniência de qualquer interesse que não o público.
e. Profissionalismo: Atuar de forma técnica, competente, responsável, imparcial, coerente e objetiva e estar comprometido com a missão institucional.Desdobramento da estratégia
Desdobramento da estratégia
O desdobramento estratégico é parte do processo de planejamento estratégico e consiste em detalhar a estratégia escolhida pela organização em termos práticos. Portanto, é a tradução concreta de como os objetivos podem ser postos em prática por meio de ações.
O que são objetivos táticos?
Objetivos táticos são objetivos de médio prazo direcionados a unidades da organização, departamentos, áreas ou setores específi cos, e devem definirações ou iniciativas a serem realizadas para viabilizar os grandes objetivos da organização.
E objetivos operacionais?
Os objetivos operacionais são mais específicos e de curto prazo, voltados à execução de operações do cotidiano.
Ciclo de gestão da estratégia
A gestão da estratégia surge, portanto, com o propósito de garantir a execução da estratégia planejada. Para isso, propõe que a formulação, a execução da estratégia, o monitoramento e a correção de rumos constituam um processo contínuo vinculado à gestão organizacional.
As quatro etapas do ciclo de gestão da estratégia são:
a. Planejamento: formulação do plano estratégico, por meio do qual a organização reflete sobre sua existência, estabelece seu referencial estratégico, sua estratégia e seus grandes objetivos de longo prazo. Já vimos como isso é realizado;
b. Execução: desdobramento da estratégia nos níveis tático e operacional, normalmente por meio da defi nição de um conjunto de iniciativas, projetos e ações cuja implementação auxiliará no alcance dos objetivos pretendidos. Nesse momento, a organização precisa designar responsáveis, prazos e entregas para os níveis tático e operacional. Também já conhecemos esse processo;
c. Monitoramento: adoção de práticas de gestão para acompanhar periodicamente – e não apenas ao fi nal do período do plano – o andamento, o cumprimento de prazos, as entregas e os resultados das iniciativas, ações e metas. Os resultados podem ser mensurados de maneira qualitativa ou, preferencialmente, quantitativa;
d. Avaliação da estratégia: análise do grau de atingimento dos objetivos, com proposição de correções de rumo à alta administração, inclusive mediante alteração do plano estratégico, caso se identifi que que a estratégia defi nida e desdobrada não será suficiente para alcançar os objetivos propostos.
Retirado de: Tribunal de Contas de União, 2017.