Ocupação cresce em posições que exigem menos escolaridade

Passada a fase mais aguda da pandemia, após mais de dois anos, o número de brasileiros ocupados superou o período anterior à crise sanitária, ainda que a economia brasileira caminhe a passos lentos. No segundo trimestre de 2022, havia 98,3 milhões de pessoas ocupadas no país, número bem superior aos 94,2 milhões do segundo trimestre de 2019 e aos 89,4 milhões do mesmo período de 2021.

Nesses últimos 12 meses, a ocupação tem aumentado principalmente em posições que requerem menos escolaridade e que pagam menores salários, o que revela um mercado de trabalho empobrecido e com poucas perspectivas de ascensão para os trabalhadores.

Alta é menor em atividades que exigem ensino superior

O número de pessoas ocupadas cresceu 9,9% entre o segundo trimestre de 2021 e o de 2022. O grupamento ocupacional com a maior expansão foi o de trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (17,9%), seguido pelos operadores de instalações e máquinas e montadores (15,8%). A ocupação cresceu menos entre diretores e gerentes (3,0%) e profissionais das ciências e intelectuais (3,4%), que, em geral, são atividades que exigem diploma de nível superior.

Crescimento no ensino superior ocorre em áreas não típicas

Proporcionalmente, a ocupação cresceu com mais intensidade entre as pessoas com menor escolaridade, como aqueles sem instrução e com menos de 1 ano de estudo (31,4%), e entre os que possuem ensino médio incompleto ou equivalente (14,0%). Já entre aqueles com ensino superior completo, a quantidade de ocupados aumentou somente 3,6%, enquanto entre os que têm superior incompleto ou equivalente, ampliou-se em 6,1%.

A ocupação, portanto, tem crescido, apesar da retomada lenta da atividade econômica pós pandemia, mas a expansão ocorre em posições que exigem menos qualificação formal. O mercado de trabalho vai se precarizando não somente no estabelecimento de vínculos de trabalho sem proteção trabalhista ou social, mas também por meio da geração de empregos pouco complexos e pela perda de rendimentos. O aumento da escolarização da população, visto na última década, tem sido pouco aproveitado pelo mercado de trabalho nessa retomada da atividade econômica.

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