Olá Você está no roteiro de estudos para o terceiro bimestre elaborado pelo professor Antonio Archangelo, de Língua Portuguesa, da Escola Estadual Januário SylvioPezzotti, Rio Claro/SP. Durante o período de isolamento social, este material garantirá a continuidade de seus estudos visando, sobretudo, manter o vínculo com a comunidade escolar e as metas/objetivos de vida para este ano letivo. Em cada uma das atividades você terá que: Assistir as aulas no Centro de Mídias; Concluir a leitura do Roteiro disponibilizado neste site, no grupo de WhatsApp, no Google Classroom ou impresso na escola; Concluir a leitura complementar sugerida / Participar do projeto de prática; Concluir o Exercício proposto; Participar do Fórum. |
ATIVIDADE 1 – CONSIDERAÇÕES REFERENTES AO TEXTO LITERÁRIO
- Antes da leitura de “Um Apólogo”, texto escrito por Machado de Assis, procure o significado
para os quatro verbetes do quadro a seguir:
Quadro de definições |
---|
a) Apólogo |
b) Foco narrativo – |
c) Personificação |
d) Ironia |
- Durante a leitura, você deverá:
a) Sublinhar os trechos que marcam a voz do narrador.
b) Indicar A (para Agulha), L (para Linha), AL (para Alfinete), antes dos travessões, para determinar as vozes das personagens.
c) Observar o tempo verbal utilizado pelas personagens.
Para saber mais!

- Sabendo disso, a tarefa agora é fazer a leitura do texto “Um Apólogo”, utilizando os conhecimentos elencados no item 1 e os procedimentos orientados no item 2.
Um Apólogo ERA UMA VEZ uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. — Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados… — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando… — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe: — Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! FIM
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000269.pdf> Acesso em: 20 fev 2020.
- Retome as anotações que você fez no texto “Um apólogo”. Observe a quantidade de personagens e o ponto de vista do narrador.
- Agora, reveja as definições registradas no quadro do item 1 e, com fundamentação no texto de Machado, explique o que cada definição tem a ver com a história.
Quadro de exemplos |
---|
a) Apólogo (Por que o texto foi intitulado “Um apólogo”?) |
b) Foco narrativo (Qual é o ponto de vista do narrador de “Um apólogo”? Que trecho exemplifica essa constatação?) |
c) Personificação (Retire do texto alguns exemplos.) |
d) Ironia (Retire do texto alguns exemplos.) |
ASSISTA
Vídeo 1 – #13 Um apólogo (Várias histórias, 1896, de Machado de Assis). Prof. Marcelo Nunes (https://www.youtube.com/watch?v=4Zev8S5KoRE)
FÓRUM – ATIVIDADE 1
Utilize o Youtube, Tiktok, Instagram, Facebook, Twitter ou qualquer aplicativo social para compartilhar suas considerações sobre o conto “Apólogo” do escritor Machado de Assis. Lembre-se Para concluir a tarefa, você terá que entrar em contato com o professor e marcá-lo na postagem utilizando o perfil dele no app que você estará utilizando. Lembre-se, pergunte a ele qual é o app que utilizará e em qual estará marcando-o. IMPORTANTE: Envie o link com o material no Fórum do Classroom. |
Veja também
MITOLOGIA E ATUALIDADE – https://antonioarchangelo.com/2020/08/04/mitologia-e-atualidade/
(RE)VISITANDO A GRAMÁTICA: Vozes verbais – https://antonioarchangelo.com/2020/08/04/revisitando-a-gramatica/
CONECTANDO LABIRINTOS – https://antonioarchangelo.com/2020/08/04/conectando-labirintos/
3 comentários em “CONSIDERAÇÕES REFERENTES AO TEXTO LITERÁRIO”