Como o Brasil foi primordial para o reconhecimento da vacina

O imperador brasileiro Dom Pedro II

Nada me deixa tão afoito do que a amnesia coletiva que assola o Brasil e tem encorpado o vitimismo e a síndrome de vira-lata que rege a vida de muito tupiniquim. Porém, o negacionismo que cresce a galope através do mecenato de um governo obscurantista, ignora, inclusive, por parte dos monarquistas apoiadores de Bolsonaro, o papel do Brasil no desenvolvimento da ciência que resultou em pesquisas e tratamentos para algumas das principais doenças que atingem os brasileiros.

Para isso, quero resgatar uma dos capítulos de nossa história que passou por um severo revisionismo com o Golpe militar de 1889 que condenou ao esquecimento o grande papel do Imperado Dom Pedro II para o desenvolvimento da ciência mundial.

Em suas viagens internacionais, Dom Pedro II fazia questão de conhecer as sumidades locais em cultura e ciência. Além de grandes escritores e intelectuais como Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, trocou correspondências com o químico Louis Pasteur, o inventor do telefone, Alexander Graham Bell, e o naturalista Charles Darwin. Este último, certa vez falou sobre Dom Pedro II: “O imperador faz tanto pela ciência, que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais completo respeito”

IN: Como Dom Pedro II ajudou a desenvolver a ciência no Brasil (e no mundo). Disponível em<https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/09/como-dom-pedro-ii-ajudou-desenvolver-ciencia-no-brasil-e-no-mundo.html>

Registrou em seu diário em 1862:

“Nasci para consagrar-me às letras e às ciências”

IN: Como Dom Pedro II ajudou a desenvolver a ciência no Brasil (e no mundo). Disponível em<https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/09/como-dom-pedro-ii-ajudou-desenvolver-ciencia-no-brasil-e-no-mundo.html>

Pois bem, se muito conservador que nas redes sociais é um leão para pedir a volta da monarquia, deve, no mínimo, por bom senso, reconhecer o papel da pesquisa científica e de estudos ao invés de uma agenda fomentada por crendices e mitologia teocrática.

O desenvolvimento da ciência no Brasil já havia sido iniciado por Dom Pedro I, o apogeu foi no segundo reinado, marcado pela presença ativa do imperador nos assuntos relacionados a ciência e tecnologia. Reconhecido e eleito para diversas acadêmias científicas na Europa, Dom Pedro II usava a influência e a amizade com os maiores cientistas de sua época para debater os problemas no Brasil.

Louis Pasteur

O cientista Louis Pasteur

Se você está preocupado com a COVID-19, que continua a se alastrar pelo Brasil, quebrando recordes de mortalidade, imagine o que era viver no Rio de Janeiro do século 19, quando a febre amarela matava milhares de pessoas no verão. O assunto preocupava o imperador Pedro II, que, numa reunião da Academia de Ciências, em Paris, levou a questão ao amigo e cientista Louis Pasteur.

Desde a década de 1860 Pasteur era reconhecido por sua contribuição à conservação dos alimentos através do método que eternizou o seu nome: a pasteurização. Em 1877, o químico apresentou à academia os resultados de sua pesquisa sobre a transmissibilidade de doenças através do sangue. Ao final da apresentação, fez uma homenagem ao amigo imperador, assim o apresentando: “Nosso augusto colega Dom Pedro de Alcântara que ama, como todos sabemos, dissimular o seu cetro imperial sob as palmas acadêmicas que recebe no mundo inteiro”.

IN:A RELAÇÃO DE AMIZADE ENTRE O IMPERADOR BRASILEIRO DOM PEDRO II E O CIENTISTA FRANÇÊS LOUIS PASTEUR, A DENGUE, A FEBRE AMARELA E A RAIVA. Disponível em <https://www.conexaoparis.com.br/d-pedro-ii-e-o-instituto-pasteur/>

O Brasil chegou a ser solicitado para testes da vacina antirrábica. Pasteur queria testar o método em prisioneiros brasileiros já que encontrava resistência em Paris. Dom Pedro negou e continuava frisando a importância de estudos com foco na Febre Amarela:

Logo o cientista seria agraciado com a comenda da Imperial Ordem da Rosa, concedida pelo governo brasileiro por indicação do imperador. Não obstante o reconhecimento internacional, Pasteur enfrentava em casa a virulenta oposição dos jornais e da opinião pública, que suspeitavam de suas vacinas. Pior ainda, era politicamente conservador, fora protegido de Napoleão III, o que o tornava um dos alvos prediletos dos jornais republicanos. Contra ele criou-se a Liga Universal dos Antivacinadores, que, décadas depois, teria sua versão tupiniquim: a Liga Contra a Vacinação Obrigatória, que combatia o sanitarista Osvaldo Cruz, desencadeando a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro.

IN:A RELAÇÃO DE AMIZADE ENTRE O IMPERADOR BRASILEIRO DOM PEDRO II E O CIENTISTA FRANÇÊS LOUIS PASTEUR, A DENGUE, A FEBRE AMARELA E A RAIVA. Disponível em <https://www.conexaoparis.com.br/d-pedro-ii-e-o-instituto-pasteur/>

No paradoxo que confirma a máxima de que “quem não conhece sua história está fadado a repeti-la, estamos hoje, em 2021, lutando para preservar vida na pior epidemia da história da humanidade e enfrentando a ira da nossa “Liga Contra a Vacinação” as redes sociais.

No caso em tela, Dom Pedro Ii foi um dos doadores para a criação do Instituto  Pasteur em Paris:

Essa desconfiança da população e do governo francês retardou consideravelmente o lançamento do Instituto Pasteur em Paris. Inaugurado em 1888, como fundação privada, sem fins lucrativos, o instituto só pôde ser erguido graças a uma subscrição internacional. Contribuíram o barão Alphonse de Rothschild, Marguerite Boucicaut, proprietária do Le Bon Marché, o czar Alexandre III da Rússia e o imperador do Brasil, D. Pedro II, que doou generosamente 100 mil francos. Em reconhecimento, D. Pedro foi homenageado com um busto de mármore, atualmente instalado na Sala dos Atos do instituto, no número 25 da rue du Docteur-Roux, atual Musée Pasteur.

Hoje, com 125 anos de história, o Instituto Pasteur coleciona dez prêmios Nobel por sua contribuição para o desenvolvimento da medicina, incluindo o isolamento do HIV, o vírus da AIDS, na década de 1980. Quanto à dengue, que continua a assolar o Brasil, o instituto atualmente desenvolve uma vacina, já na fase de teste em animais.

IN:A RELAÇÃO DE AMIZADE ENTRE O IMPERADOR BRASILEIRO DOM PEDRO II E O CIENTISTA FRANÇÊS LOUIS PASTEUR, A DENGUE, A FEBRE AMARELA E A RAIVA. Disponível em <https://www.conexaoparis.com.br/d-pedro-ii-e-o-instituto-pasteur/>

Quem será nosso visionário da vez?

Conheça mais em:

Dom Pedro II e os pensadores franceses: a influência de Louis Pasteur e Victor Hugo nas ideias do Imperador

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