
Vygotsky construiu seu pensamento a partir de um aporte teórico marxista,o materialismo histórico-dialético, pois vivia no período da Revolução Russa. Ele buscava criar uma nova forma de entender a Psicologia, superando as Escolas de Psicologia existentes até então, pois, em sua opinião, elas estavam estagnadas. Dois outros pensadores contribuíram muito para o pensamento Vygotskyano.
São eles o neuropsicólogo Alexander Luria (1902-1977), e o psicólogo Alexei Leontiev (1903-1979).
Alexander Luria

Psicologo soviético especialista em psicologia do desenvolvimento. Foi um dos fundadores de psicologia cultural-histórica onde se inclui o estudo das noções de causalidade e pensamento lógico–conceitual da atividade teórica como função do sistema nervoso central.
Na avaliação da interação entre o cérebro e os processos mentais humanos Luria identificou três unidades básicas, ou sistemas funcionais cuja participação torna-se necessária para qualquer tipo de atividade mental:
- (1) Unidade da atenção, ou de regulação do tônus ‘otimal’ e vigília que envolve camadas do córtex e o sistema reticular ativador;
- (2) Unidade de codificação e processamento, um sistema funcional para obter, processar e armazenar as informações que chegam do mundo exterior (e dos aparelhos de seu próprio corpo) localizada nos lobos occipital, temporal e parietal;
- (3) Unidade de planificação ou destinada a programar, regular e verificar a atividade mental. Esse terceiro bloco, localizado basicamente no lobo frontal, elabora programas de comportamento, assegura e regula sua realização e participa do controle do seu cumprimento.
Alexei Leontiev

Psicólogo soviético trabalhou sobre o desenvolvimento do psiquismo na criança, do psiquismo animal, a percepção, os sistemas funcionais do psiquismo, as relações entre o ser humano e as técnicas modernas etc. No decurso de meio século de atividade científica efetuou e dirigiu um número considerável de trabalhos experimentais. Foi a partir deles e para melhor os interpretar que chegou a uma concepção de conjunto. Suas investigações o levaram a defender a natureza sócio-histórica do psiquismo humano e a partir daí a teoria marxista do desenvolvimento social se tornaram, para ele, indispensável. Leontiev, porém, não limita seu horizonte ao laboratório, preocupa-se com os problemas da vida humana em que o psiquismo intervém, o seu campo de estudos compreende a pedagogia, a cultura no seu conjunto, o problema da personalidade etc.
Teoria Histórico-Cultural

Na segunda metade dos anos de 1920 e início dos anos de 1930, na União Soviética, um grupo de pesquisadores formado por Alexander Romanovich Luria, Alexei Nikolaievich Leontiev, liderados por Lev Semenovich Vygotsky, constituíram o que foi chamado de “troika”, que procurou desenvolver uma teoria que descrevesse e explicasse as funções psicológicas superiores, uma psicologia radicalmente nova que se utilizasse “dos métodos e princípios do materialismo dialético, para compreensão dos aspecto intelectual humano”.
Esta aproximação inter-relacionou análises “culturais” e ”históricas”, à “psicologia instrumental” usualmente conhecida, em nossos dias, como teoria histórico-cultural (ou sócio-histórica) do psiquismo.
Enfatiza o papel mediador da cultura, particularmente da linguagem, no desenvolvimento das funções psicológicas superiores, de acordo com os três planos genéticos:
- filogênese: estuda a evolução das espécies, por meio da adaptação progressiva desde os seus primórdios, abordando tanto as predisposições biológicas quanto as características gerais do comportamento humano.
- ontogênese: refere-se à evolução humana, iniciada na concepção, seguida de transformações sequenciadas até a morte, de tal forma que cada estágio apresenta um determinado nível de maturidade.
- sociogênese: estuda as interações sociais como sendo as raízes das funções mentais superiores, que só passam a existir no indivíduo na relação mediada com o mundo externo.
Na Escola, o professor, então, funciona como o impulsionador do desenvolvimento cognitivo da criança. Ao professor cabe apresentar às crianças novas formas de pensamento e conceitos, mas não sem antes detectar que condições elas têm de apreendê-los.
A aprendizagem dos alunos se construirá mediante o processo de relação do indivíduo com seu ambiente sociocultural e com o suporte de outros indivíduos mais experientes. Priorizando as interações entre os próprios alunos e deles com o professor, o objetivo da Escola, então, é fazer com que os Conceitos Espontâneos, que as crianças desenvolvem na convivência social, evoluam para o nível dos Conceitos Científicos.
Assim, o professor assume o papel de mediador na formação do conhecimento. O mediador é quem ajuda a criança a concretizar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. Na Escola, o professor e os colegas mais experientes são os principais mediadores.
A abordagem realizada por Vygotsky conclui que o aprendizado é contínuo e o desenvolvimento intelectual se concretiza por saltos qualitativos, de um nível de conhecimento para outro, no qual o ensinar e o aprender formam uma unidade, que delimita o campo de constituição do indivíduo na dimensão sociocultural. São processos indissociáveis que implicam a ideia que o professor participa ativamente do processo de aprendizagem e de desenvolvimento do aluno.