Capítulo X

Capítulo X – Questão de interpretação

Na verdade, caros leitores, pouco importa esta narrativa cansativa, se no final, tu não entender que o problema é de interpretação. Afinal, tudo que a maior parte dos bruzundangueses leem 1% é compreendido. E nesta ruptura ignorante está calcada a liberdade de pensamento. Oras, tu aglutina um pensamento errôneo e cria uma ideologia sobre? Como pode dar certo?
Emaranhado em tal contra-senso, podemos lembrar-nos dos marxistas que até hoje não tenderam que todo o material escrito pelo enigmático filósofo teria que ser lido como manual apocalíptico, isso que dizer: leitura recomendada quando o sistema já estivesse exaurido. Tentar fazer conjecturas sem essa condição material é apenas achismo-comunista.
O mesmo pode-se dizer da bíblia. Cada um lê e crê. outros dependem dos interpretantes. E no crepúsculo, ninguém consegue fazer o que decora-se. Ou acreditas que “ama o próximo como a ti mesmo?”
Também segue tal desatino, a lógica do Poder. Entendida é a democracia de maneira equivocada. Como poucos afinal sabem que a República, sonhada por Platão, é um grito de desapego aos métodos sofistas.
Protágoras e Górgias “vendiam” sua retórica na ágora grega, como fazem hoje qualquer edil nas câmaras dos cidadãos
No plano de fundo, pode-se cunhar sobre o palco dos oráculos de Delfos que ninguém sabe de nada (Το μόνο που ξέρω ότι δεν ξέρω τίποτα).
E na soberba inerente ao gene humano leva-os, quase sempre, ao declínio.
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E foi assim que Wilson, o herói sem caráter, adentrou o templo inviolável da franco-maçonaria.
O interesse, eminentemente, pela manutenção da dominação masculina, era evidenciada nos afrescos das paredes e na ética da irmandade, que proibia a presença de mulheres como seres pensantes nas reuniões e cerimônias.
No final de cada reunião, Wilson já sabia, que o sacrifício seria a degustação de alguma neo-mucama, de bairro periférico daquela cidade.
Cada passo adiante se chegou à mesa. Ritual por ritual, chegou-se ao conselho supremo e o 33º estava aguardando Wilson com um envelope.
Ao avistá-lo, sussurrou
– Nolite confidere in filiis Cham !
Pedro interveio e convenceu-o. O envelope, com o pendrive, enfim estava nas mãos de Wilson.
Após a entediante cerimônia, saíram todos a um cômodo locado na região central de Sorocaba. Lá, após o trabalho intelectual dos cavalheiros, como já se sabia, três meninas foram colocadas a baila.
Os velhos doutores assistiram, então, o desempenho vigoroso de Wilsinho e o berimbau. A luta de classe reproduzia-se no suor das modelos.
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