CAPÍTULO III
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O Império K
– O problema dele é que não escreveu para mortais, disse apontando para o célebre livro de capa vermelha.
Pressionando a mão no peito do aprendiz, continuou:
– Eu, você e eles: mortais… apontou Ikke pela janela do escritório no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
– A história ignora, mas Poder é sobre como ter, manter e ampliar as coisas. A caneta é diferente, mas a tinta é a mesma, concluiu o empresário megalomaníaco.
Neste momento, ao perceber que o diálogo iria se estender, Ronei, rapidamente, fechou a janela de bate-papo estampada na tela de seu notebook.
Bem da verdade, suas tardes eram assim.
Levantava às 11 horas, se dirigia com a Range Rover até o escritório do pai no citado endereço.
Ronei passou os últimos seis anos como “Zé Grande”, no ambiente virtual, pagava meninas para “matar” o tempo, por vezes financiava carreiras de iludidas meninas na Zona Sul.
Organizava festas e orgias regadas a sadismo como gerente de uma multinacional e dono de uma agência de eventos. Se denominava: scout.
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Quase sempre, na ante-sala, presenciava engravatados entrando e saindo da sala do pai. Certa vez, postou em seu Instagram:
– Este é humilde, mesmo com uma digital ausente; ao postar um foto ao lado do ex-presidente da República.
Neste dia, compreendeu algumas palavras de ordem que penetravam as paredes de gesso fosco e placas de madeiras onde pendurava-se valiosos quadros sacros:
– Te vira, é sua vez de cumprir o acordado! Não posso perder dinheiro, por causa de um erro seu ou para salvar um miserável da Rocinha!
– Estamos vendo. Alguns empréstimos via BNDES? Quanto precisa? – disse o carismático líder político.
– R$ 1 bi! Completou o empresário.
Soltando o nó da gravata, Luiz Inocêncio pegou o celular, antes da ligação, sugeriu:
– Peço nove e você fica com a parte que lhe compete?
Ikke, então, balançou a cabeça indicando que concordava com o plano.
O império X receberia, então, dinheiro do governo federal via empréstimos e “bancaria” o sadismo governamental repartindo o restante entre os achacadores do Congresso.
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Naquela tarde, Inocêncio e Ikke degustaram duas mulatas que esperavam por uma chance de romper a opressão de classes…
Regada a Louis Roederer, a festa durou até o início da sessão plenária do Congresso Federal, 15 minutos após o início.
As modelos, não entenderam, o motivo. Ainda faltava muito para os anfitriões pegarem “pressão”.
O bolo branco em cima da mesa de centro estava decorado com glacê verde e amarelo, com a sigla BNDES ao centro. A festinha acabou, mas as mulatas ficaram com a sobremesa.
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